Nos tempos do GPA e do COLEPA, no final de agosto de todos os anos aconteciam os ensaios finais dos alunos deste Ginásio/Colégio e das Escolas Reunidas da Chesf, preparando-se para o desfile do dia 7 de setembro.
Os primeiros ensaios eram internos mesmo, na área da Escola Adozindo, do Ginásio, mas nos últimos dias já havia uma ansiedade mexendo com cada um porque os ensaios eram nas ruas.
Todo mundo levando muito a sério esse compromisso e, já nos ensaios o povo corria para as portas e para as ruas para aplaudir, mesmo os que estavam “à toa na vida”, como diz Chico Buarque em sua famosa canção. Todo mundo corria “para ver a banda passar, cantando coisas de amor”.
Na verdade, além da batida ritmada dos tambores e da caixa, esta tocada pelo grande Jarbas, o que mais chamava a atenção era a empolgação de todos “peito pra fora, barriga pra dentro”, cantando alto e em bom som a Canção do Marinheiro, o Hino da Marinha Brasileira, que o velho marujo, Professor Enoch Pimentel Tourinho trouxe dos seus tempos de serviço na Marinha do Brasil e ficou como o Hino do GPA/COLEPA.
Lá na frente, a Banda do COLEPA ganhou o maestro Cabo Barbosa (in memoriam). Saudades!!!
Nos ensaios pelas ruas, a expectativa de todos era descer a ladeira da Rua das Caraibeiras, na direção da Vila Operária e uma esticadinha na Rua do Gangorra, passar na frente da Igreja de São Francisco e do COPA.
Por ali aconteciam os primeiros desfiles, nos anos de 1950. Dentre as muitas lembranças daqueles tempos, vem à memória os desfiles que eram realizados dentro do Acampamento da Chesf, na Rua do Gangorra. À frente, um pelotão das Bandeirantes, naquele tempo dirigidas pela Professora Lindinalva Cabral dos Santos.
Os ensaios já eram um momento nobre, de festa. Nem parecia que era apenas um ensaio…
Depois, os desfiles passaram a ser realizados na Avenida Getúlio Vargas, saindo de frente à então ainda Igreja de Nossa Senhora de Fátima. Na foto acima, a primeira é a mãe da colepana Hélia Cardeal. Sua mãe chegou a ser diretora da então Escola Polivalente.
E o querido diretor Pimentel chegava às lágrimas, acompanhando a pouca distância, vestido num terno branco (lembranças da Marinha?) o desfile dos seus “meninos e meninas do Ginásio Paulo Afonso”. Enoch Pimentel Tourinho, que era o Chefe do Serviço de Transporte da Chesf mas também cuidava do Acampamento, do Cemitério e que foi o maior lutador para que se construísse o Ginásio Paulo Afonso, uma vez que a Chesf não tinha verba para isso no seu orçamento de construção das Usinas Hidrelétricas e ele saiu à luta. Até ao presidente da República ele pediu ajuda. O GPA foi inaugurado em 5 de março de 1951 e ele foi o seu quarto diretor, de 1962 a 1965.
Outra lembrança diz respeito diretamente à participação dos estudantes e à Banda Marcial do Ginásio Paulo Afonso, e aos pelotões de bandeiras e guardas de honra, como narro no capítulo No Baú de Memórias do meu livro Os Caminhos da Educação (pág. 244), foi num ano em que combinamos com o Professor Ivan Vicente para fazer uma surpresa ao nosso querido diretor Pimentel e quase matamos o nosso amado mestre, de tanta emoção.
Foi combinado que no desfile de 7 de setembro alguns pelotões e a Banda do COLEPA estaríamos todos com uma farda de gala, uma camisa “volta ao mundo” de mangas compridas. E para fazer essa surpresa, combinamos com o Professor Ivan Vicente que cuidava da Educação Física, para nos reunirmos, os da Banda e estes pelotões de alunos do GPA, no espaço da Lagoa dos Patos, o Clube dos Velhinhos e dali já sairíamos marchando na direção do Ginásio.
Não havia celular, mas tínhamos os nossos colaboradores olhando tudo. E esse pessoal que estava no GPA nos contou depois que o Professor Pimentel ficou numa ansiedade grande porque os alunos da Banda não chegavam… Toda hora ia na esquina da Rua das Caraibeiras olhar o movimento… e nada…
De repente o som dos tambores, da caixa de Jarbas e o cantar do Cisne Branco rompeu o silencio que reinava naquele dia 7 de Setembro.
E lá vêm os alunos do GPA subindo a ladeira, chegando à frente do Ginásio com toda pompa e recebidos com grande euforia pelos outros alunos… e os cuidados com a emoção, o coração a mil do velho marinheiro, agora feliz da vida, com a surpresa, tão boa, dos seus alunos amados…
O COLEPA fechou suas portas em dezembro do ano 2000. Mas os seus inquietos ex-alunos trataram de achar um jeito de se reencontrarem. E nasceram os Encontros de Ex-alunos do COLEPA.
Um deles, o primeiro grande encontro, aconteceu em 2008 quando cerca de 800 estudantes participaram de uma intensa programação no CPA, no prédio do antigo GPA/COLEPA e no desfile do aniversário de Paulo Afonso. Ele nasceu de uma ideia de Tânia Bonfim, que mora em Salvador mas veio a Paulo Afonso com esse propósito. Aqui se reuniu com Idalina (in memoriam), Nane e Galdino, que foi aluno das Escolas primárias e do GPA/COLEPA e, depois, Professor da Escola Rural Ministro Simões Lopes e do COLEPA.
Em 2013 outro grande encontro, quando se contou com todo o apoio do Professor Arleno de Jesus, então diretor do IFBA que hoje ocupa estas instalações do antigo GPA/COLEPA e ali, nos jardins internos, ao lado da Rosa dos Ventos, foi colocada uma placa do COLEPA.
Nos anos seguintes, os ex-alunos das escolas que foram mantidas pela Chesf por mais de 50 anos, têm participado dos desfiles dos dias 28 de julho e 7 de setembro. Em 2019 foi organizada uma Associação de Ex-alunos que está precisando de apoio para adquirir os instrumentos e organizar a sua banda musical para à frente dos pelotões dos hoje sessentões, setentões e outros ões, animarem-se ainda mais com essa banda tocando o Cisne Branco…
“Qual Cisne Branco que em noite de lua
Vai deslizando num lago azul…”
No ano de 2024, Em julho, dia 28, grande número de ex-alunos do COLEPA já participaram do desfile do aniversário da emancipação política de Paulo Afonso e estes ex-alunos dos tempos do COLEPA, um ou outro de mais pra trás, dos tempos do GPA, inclusive eu, também já se organizam para a sua participação no desfile do dia 7 de setembro deste ano.
Esses encontros de ex-alunos já vêm acontecendo há 13 anos segundo os cálculos dos estudantes bons em Matemática. A maioria desses encontros com pequeno número de estudantes, mas, dois deles, encontros gigantes.
Depois dos desfiles, como se fazia antigamente, acontece o Encontro de Confraternização que, antes, lá pra trás, eram as Manhãs de Sol, no Clube Operário de Paulo Afonso…
Nos últimos encontros, essa confraternização uma hora é no COPA outra no CPA… Neste 7 de setembro, será no CPA, a partir das 13 horas… (VEJA O VÍDEO A SEGUIR)
“Qual Cisne Branco que em noite de lua
Vai deslizando num lago azul…”
Por Professor Galdino